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Novo blog.

Acho que cansei deste lugar, há estagnação.

http://porserintangivel.blogspot.com


Regozijo.

Têm dias que são assim, tem dias que me transformam em furacão, em vulcão, na personificação do desastre natural. Desastre da minha natureza. Sim, nesses dias me sinto como o próprio furacão, tenho vontade de deixar estrago por onde eu passar, tenho um desejo que arde e que precisa ser sentido por alguém. Minha maior vontade nesses momentos é andar com todo esse meu desejo, com toda essa minha necessidade de estrago por aí. Não, eu não deixaria pedra sob pedra. Acabaria com tudo a minha volta, arquitetaria coisas novas, paisagens novas. Queimaria tudo, começando pelo meu desejo.

Vejo que a cada passo que eu dou algo irá destruir-se, esvair-se em chamas até tornar-se cinzas e eu me regojizo com isso. Até que tudo caia, que tudo se desfaça, eu não irei parar. Vou queimar tudo, alagar cada centímetro quadrado, levar com minha ventania todas as telhas que cobrem teu falso conforto, tua falsa sensação de proteção.

E que venha a baixo! Que tudo seja destruído, pois essa é minha vontade hoje. Se por vontade de aniquilação essa destruição deva começar por mim mesma, que seja… Eu não irei resistir à desgraça, não irei segurar pilastras, seguirei apenas meus instintos mais primitivos e destrutivos. Serei como animal selvagem em seu instinto mais puro.

Posso ver o brilho do fogo, sentir esse calor que consome minhas vísceras e tudo que eu vejo é destruição. Há uma luz laranja em tudo, há a chuva caindo para lavar toda essa sujeira, para podermos ter mais um início, mais uma purificação.

Vontade que faz minha carne pulsar, implorar por esse descontrole, por essa ruína toda. Só consigo seguir meus instintos, meus instintos urrando por perigo, por tudo aquilo que causa medo e repulsa, por tudo aquilo que é marginalizado, escandalizado, desmoralizado. É por tudo isso que minha carne pulsa… Por desconstrução, aberração. Clamo a tudo que há de devaço e libertino, andem ao meu redor esta noite.

Sem delongas, sem desculpas ou pontos de fuga.

– O que eu causo em você?

– A sensação da sua existência me causa algo fora do tangível. Digo “a sensação da sua existência” porque tantas vezes não tenho bem a certeza de que você existe, de que você é feita de carne e osso, de luz e sombra, como eu. Você me faz fugir, faz com que eu queira me isolar como um eremita, onde eu carrego apenas minha própria luz e deixo você para trás. Você me faz querer correr com todas as minhas esforças, até que eu fique exaurido e o mais distante possível de ti. Você faz com que eu tenha vontade de te afastar de mim, de te expulsar daqui de dentro. Você faz com que eu queira sentir cada centímetro do seu corpo em encontro ao meu. Você faz com que eu seja guiado por meus instintos mais primitivos, mais sexuais, fazendo com que eu devore você com uma ferocidade selvagem. Você faz com que eu queira você em meus braços a noite inteira. Você desperta uma vontade incontrolável dentro de mim de ouvir sua voz aguda, às vezes grave, dirigindo todas as palavras mais rebuscadas do seu vocabulário só para mim. Você me faz te querer e desistir de te querer. Você faz com que eu me apaixone e desapaixone todos os dias. Você faz com que eu queira-te para mim, na minha vida, mas eu tenho medo, muito medo… Por isso eu fujo. Junto todas as minhas forças para fugir de ti e não para amar-te. E as possíveis forças que sobrarem, eu junto, eu junto e junto para poder querer-te cada vez mais, para poder querer-te e desistir. Mas e eu, o que causo em ti, mulher?

– Você me causa uma miscelânea de asco e desejo. Tantas vezes quero cuspir-te a cara, em tantas outras te desejo entre minhas pernas, em cada poro do meu corpo. Em outros muitos momentos queria apenas poder sentir sua paixão por mim, queria apenas juntar em uma rosa vermelha toda a coragem que há no mundo e entregar-te. Às vezes desejo que nada além de nós dois possa existir sobre a Terra, outras vezes desejo apenas que você não exista sobre essa mesma Terra. Queria poder acreditar no seu coração, quero que você possa acreditar no seu coração e nos motivos pelos quais você o sente quase explodir ou quase cessar de batimentos por minha causa, tudo por minha causa. Mas o que eu mais sei dizer é que você tem uma capacidade louvável de ser merda e flor, de fazer com que eu diga não e sim. Você é assim, muitas vezes, tão contraditório… Tão supérfluo e tão intenso. E, com toda honestidade que possa haver aqui dentro de mim, isso não é o que anseio, nem de longe. Mas o fato é que nesse momento eu apenas não sei. Você e todo esse fio de destino vão se desenrolar para mim e eu seguirei daqui onde estou, esteja eu pronta e disposta para despencar com a cabeça em direção aquele rio que passa há tantos metros abaixo desse penhasco, como pronta para dar meia volta e esquecer que passa um rio ali em baixo. Pode ter certeza, homem!